Durante InterForensics, ex diretor do Instituto Médico Legal evidencia papel da antropologia forense no Paraná 10/11/2021 - 15:00
No último dia do maior evento de ciências forenses da América Latina, InterForensics, o chefe da Antropologia Forense do Instituto Médico Legal (IML), Porcidio D'otaviano de Castro Vilani, esclareceu, durante uma palestra, os principais aspectos técnicos e práticos do trabalho de identificação por ossada desenvolvido na Polícia Científica do Paraná. A terceira edição da InterForensics foi realizada entre os dias 3 e 5 de novembro, na cidade de Foz do Iguaçu. O congresso é promovido pela Academia Brasileira de Ciências Forenses (ABCF), com apoio da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), da Secretaria da Segurança Pública (Sesp) e da Polícia Científica do Paraná.
Na oportunidade, Porcidio apresentou a cronologia das perícias antropológicas forenses do IML paranaense, desde a fase inicial do processo, com a entrada da ossada no necrotério, todos os processos de encaminhamento dos vestígios, seguidos da análise e do estudo do cadáver, além da conclusão da elaboração do laudo, para que, enfim, possam ser liberados os restos mortais aos familiares.
O Setor de Antropologia Forense é responsável por dar sequência a um dos três principais métodos de identificação de corpos utilizado pelo IML, tendo como base o estudo do esqueleto humano, e alheio às demais formas de identificação através das impressões digitais (necropapiloscopia) ou exame de DNA. A antropologia forense explora as características únicas que cada pessoa têm, o que a torna um dos métodos de identificação mais consistentes entre os demais.
Outro integrante da equipe coordenada por Porcidio e que esteva presente na InterForensics é o artista forense Diego Pires, que apresentou as particularidades do seu papel no trabalho de identificação. De acordo com Diego, a arte forense necessita de uma ação multidisciplinar conjunta entre o artista, médicos legistas, odontologistas forenses e peritos. Através de longos processos de estudo, este processo possibilita um direcionamento específico na construção da imagem de uma pessoa através da ossada, e que, com o tempo, tornou-se crucial na resolução de diversos casos no Paraná.
“A equipe de antropologia forense que coordeno, composta por oito pessoas, trabalha de maneira uniforme. Cada um possui sua importância para que, de forma multidisciplinar, possamos compor o laudo de exame de ossada e chegar na identificação civil. Tenho muito orgulho da evolução que temos presenciado e sei que cada um possui uma função indispensável para o funcionamento das demais”, explica Porcidio,
HISTÓRICO - Diretor do Instituto Médico Legal (IML) no período de 2011 à 2015, Porcidio possui uma longa jornada como integrante da Polícia Científica do Paraná, iniciando sua jornada na antropologia em 2008.
De acordo com Porcidio, a antropologia forense passou a ser efetivamente aplicada a partir de 2008. “Antes disso, exames de ossadas, por exemplo, eram feitos pelo médico-legista de plantão, que nem sempre possuía o conhecimento adequado para elaborar e dar sequência ao processo, visto que tais exames são muito diferentes dos casos de cadáveres recentes, ou mesmo dos que encontram-se em estado de putrefação”, explica.
“Além destes aspectos técnicos, também assumimos o papel humanitário de levar a identificação do cadáver aos familiares, importante para encerrar uma etapa de dor que, muitas vezes, era ampliada pela incerteza do destino de seu ente querido”, finalizou Porcidio.