Membro da ONU valoriza o trabalho das forças de segurança em ações humanitárias forenses na InterForensics 2021 05/11/2021 - 09:54
No terceiro dia da InterForensics 2021, maior evento internacional de ciências forenses da América Latina, que segue até a próxima sexta-feira (05/11), em Foz do Iguaçu, o perito forense português do Alto-Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Nuno Duarte Vieira, ministrou palestra com a temática sobre Medicina Legal e Perícias Médicas, com foco na Ação Humanitária Forense em situações de desastres ou catástrofes naturais ou de ações humanas, além de apresentar as perspectivas do trabalho das forças de segurança neste tipo de atividade.
O perito da ONU valorizou a participação das forças de segurança no âmbito das ações humanitárias forenses, que são essenciais neste trabalho e que implicam em uma intervenção humanitária forense. Neste sentido, o perito Nuno enalteceu a importância destas instituições, além do papel de promover a segurança e o bem-estar das pessoas, pois os integrantes das instituições policiais possuem conhecimentos específicos e de alguma forma ajudam a aliviar o sofrimento dos familiares, na busca e identificação dos corpos, por exemplo.
“As forças de segurança possuem uma preparação e um treino que permitem não apenas a colaboração com suas missões habituais, mas também reforçarem as ações como um elemento para proteção da dignidade e de alívio deste sofrimento, colaborando na recuperação e no apoio a familiares de vítimas, por meio da identificação dos corpos e atenção. Este é o caso também das ciências forenses, que é essencial, por exemplo, em situações de desastres, sejam eles naturais ou de origem humana, os quais são uma realidade cada vez mais frequente, neste mundo em que vivemos”, esclarece.
O componente básico de uma ação humanitária forense acontece, principalmente, quando as pessoas morrem durante as guerras, catástrofes ou migrações. Estes corpos devem receber o tratamento profissional e com respeito pela dignidade inerente, os restos mortais devem ser encontrados, recuperados, documentados e, quando possível, identificados. Desta forma, os profissionais forenses são responsáveis pelo desenvolvimento e implementação desse tipo de ação no mundo inteiro, principalmente para ajudar na gestão adequada dos restos mortais, na resolução e prevenção da tragédia dos desaparecimentos e no consolo às famílias que perderam os seus entes queridos.
Nuno despertou um olhar para o futuro aos congressistas da Interforensics 2021. “As forças de segurança, em quase todas as situações, são as primeiras a estarem no local (de crimes ou desastres) para iniciar os trabalhos. Para prepararmos o futuro e começarmos uma maior conscientização precisamos passar por algumas fases, dentre elas a educação, em termos de direitos humanos e do papel que a ciência forense possa ter na promoção e proteção desses direitos, pois a formação é sempre fundamental, o que resulta em mais pesquisas. Assim, passamos a refletir mais sobre aquilo que pode ser feito, o que deve ser feito e aquilo que está sendo feito”.
O palestrante também apontado a importância do trabalho em rede (conjunto), em nível local, regional, nacional e até internacional, e que numa catástrofe é necessário dar uma resposta local, mas nem sempre ela é o suficiente, segundo Nuno Duarte. Ele apresentou, ainda, um caso da Tailândia como exemplo, quando morreram mais de 260 mil pessoas (em um desastre natural) e, então, de acordo com ele, ainda não há nenhum país preparado para dar uma resposta imediata em situações como esta.
“Se todos os países desenvolverem as mesmas práticas, os mesmos protocolos e procedimentos de ações forenses humanitárias, quando formos chamados para trabalhar em rede as coisas funcionarão se tivermos praticado isso”, destaca o perito português forense do Alto-Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Nuno Duarte Vieira.
MEIO AMBIENTE - Também na manhã desta quinta (04/11), o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Niro Higuchi, apresentou sobre “As ciências forenses e a conservação ambiental para a atual e futuras gerações”. A temática abordou assuntos como as tecnologias e metodologias de perícia em crimes ambientais, que permitem, por exemplo, a diferenciação de espécies entre amostras vegetais, adaptação por carbono 14 em acelerador de partículas, recuperação da informação de altura de árvores já tombadas, entre outros.
Outro ponto levantando por Higuchi foi o coeficiente de variação de diâmetro das árvores em uma floresta que pode ser estratégico num processo administrativo, no qual as polícias científicas têm como papel a identificação, por exemplo, de fraudes em emissão de documentos. O pesquisar também falou sobre a utilização do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) como parâmetro para reduzir incertezas e aumentar confianças em análises ambientais forenses.
INTERFORENSICS – A comissão científica do InterForensics 2021 conta com um grupo de mais de 90 integrantes, além de mais de 220 palestrantes, com 24 dirigentes da Polícia Científica do Paraná e 27 autoridades de ciências forenses. A edição 2021 vai agregar em um mesmo ambiente o público gerador de informação (academia), o envolvido na prática cotidiana (peritos), quem utiliza os dados levantados (meio jurídico) e os responsáveis por desenvolver novas tecnologias e ferramentas para o segmento (indústria), gerando novas parcerias.